A Solitude e o Inimigo Silencioso: O Tempo

Nunca disse que a vida em solitude é perfeita. Longe disso. Ela tem seus desafios, suas sombras e momentos de silêncio incômodo. Mas a verdade é que foi a melhor escolha que fiz para me proteger de uma sociedade que, a cada dia, me parece mais doente, mais vazia, mais superficial.

Em meio ao caos, encontrei na solitude um refúgio, um espaço onde pude respirar sem a necessidade de corresponder a expectativas alheias, sem precisar vestir máscaras para caber em ambientes onde nunca me senti à vontade. Eu me tornei minha própria companhia, e por muito tempo, isso foi suficiente.

Mas havia algo com o qual eu não contava: o tempo. Ele foi meu maior adversário. Não pela idade que avança – essa eu já esperava e aceitei como parte do processo –, mas pelo lento desmonte das estruturas que eu acreditava serem sólidas. Aquelas certezas que um dia me pareceram inabaláveis começaram a ruir diante da passagem dos dias.

A solitude me deu proteção, mas também me mostrou que estar só não significa estar imune às mudanças. Aquelas convicções que me mantinham firme foram desgastadas pelo tempo, revelando-se menos concretas do que pareciam. O que antes me sustentava se mostrou frágil, talvez apenas uma ilusão de segurança.

E assim, me vi diante de uma nova questão: o que resta quando tudo aquilo em que acreditamos se desfaz? O tempo, com sua paciência cruel, desmonta certezas, corrói velhas fortalezas e nos obriga a encarar a verdade nua e crua.

A solitude continua sendo meu abrigo, mas hoje sei que ela não me isenta das transformações inevitáveis. O tempo sempre encontra um jeito de nos testar, de nos desafiar. E talvez a verdadeira fortaleza não esteja em se fechar para o mundo, mas em aprender a reconstruir a si mesmo, quantas vezes forem necessárias.

A Solitude e o Inimigo Silencioso: O Tempo

No fim, a solitude continua sendo um refúgio, mas não uma muralha intransponível. O tempo me ensinou que nenhuma estrutura é realmente imune às mudanças – nem as que construí dentro de mim. Aceitar isso não é sinal de fraqueza, mas de crescimento. Talvez a verdadeira força esteja em permitir que certas certezas se desfaçam para dar espaço a novas formas de existir. A solitude me protegeu, mas o tempo me mostrou que viver é, inevitavelmente, um eterno processo de reconstrução.